quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Reportagem Publicada - Marcos 500 jogos!


Como o próprio Marcos falou pelo tempo que tem no clube, os 500 jogos não são muito, se não fossem suas contusões esse recorde seria maior, no entanto o que podemos fazer é agradecer pelo empenho que sempre teve e ainda terá. Coloquei a entrevista do site Lance, é extensa, mas bem legal.


Marcos, exclusivo: "Meu maior orgulho é a superação"

São Marcos será o sétimo jogador a chegar à marca de 500 jogos pelo Palmeiras. Aos 37 anos, é o maior ídolo atual, exemplo dos jovens goleiros. São 18 anos na Academia de Futebol. Com contrato até o fim de 2011, o ídolo se orgulha do legado que deixará: a simplicidade.
A idolatria é tamanha que bonecos com o Santo em miniatura foram feitos pela diretoria e serão lançados, vendidos, para que os torcedores possam “guardá-lo”.
Marcos já vibrou muito e guarda boas lembranças dos 499 jogos feitos até hoje. E também já chorou muito, pelas mais diversas contusões que o atrapalharam.
– Não é uma marca muito expressiva pelo tempo que tenho no clube, mas sei a dificuldade que passei para chegar aos 500 jogos. Para mim, é motivo de orgulho – disse o Santo, que atendeu ao LANCENET! com exclusividade, nesta terça-feira à tarde.
A entrevista teria de ser rápida, devido a compromissos do ídolo. Mas se estendeu por meia hora.
– A resenha é boa, né (risos)!?
Marcos já sonhou em bater os 617 jogos de Emerson Leão, goleiro que mais atuou pelo Palmeiras. Ele crê que não há mais tempo, mas a motivação, aos 37 anos, continua.
L!: Estamos fazendo uma série especial sobre a sua marca. Qual é o legado que você deixa para os jovens goleiros do clube?Sentei no banheiro hoje, tinha um LANCE! (risos). Legal a matéria! Eu li o comentário deles, que eu sempre os tratei bem. Foi o que eu aprendi no Palmeiras. Quando eu subi do júnior, fui bem recebido por Carlos, Velloso, Fernandez. Joguei com grandes goleiros. Eles me tratavam como um igual. Eu faço o mesmo, passo para frente. Trato eles com igualdade. Eu deixo o legado da simplicidade, de fazer o mais simples na profissão, não deixar o sucesso subir à cabeça. Jogador hoje pena com isso. Quem faz sucesso pisa nos outros. Eu deixo para os meninos que vão subir essa simplicidade, de tratar todos muito bem.
Nota da Redação: “Santo legado” foi a matéria publicada nesta terça-feira pelo LANCENET! sobre as apostas para o gol das categorias de base do Palmeiras.
L!: Você, então, se sente mais ídolo pelo que fez fora do campo?O ídolo não só é por causa do que acontece dentro do campo. Uma hora ou outra você erra. Todo mundo tem falhas. Se você pisa em alguém, uma hora você vai jogar mal e vão pisar em você. Tem de tratar bem quando está por cima.
L!: Qual sua análise da molecada?Há defeitos, mas tentamos corrigir se o menino faz algo errado. Os defeitos deles são mínimos. Quem passa em teste de time grande está preparado, é só lapidar o diamante. O Palmeiras tem grandes goleiros na base. Os preparadores sempre tiveram preocupação de trazer os meninos para treinar no profissional. Todos que saíram no jornal já vieram aqui. É claro que você quer que algum vingue. Mas se tornar ídolo, só com grande sequência. Hoje a gente questiona: será que alguém vai substituir o Marcos? Só teremos essa certeza quando alguém disputar um campeonato inteiro. Deola, Bruno, Alemão podem ser futuros goleiros aqui dentro.
L!: Qual o seu maior orgulho quando vê que fará 500 jogos?Meu maior orgulho é a superação. Até os 500, foi muita dor, muito sacrifício, muita força de vontade... Levei na boa fisicamente até os 300. Depois eu penei. Não é uma marca muito expressiva pelo tempo no clube, mas sei a dificuldade que passei para chegar aos 500 jogos.
L!: Você já chorou?Já chorei muito, não por perder e ganhar. Mas quando você se machuca, é uma coisa triste. Perder e ganhar faz parte. Se toma um frango, logo tem outro jogo para mudar a história. Você perde, fica revoltado, mas pode recuperar. Mas contusão é diferente... Você se pergunta se voltará com a mesma qualidade. Eu chorei muito de desgosto quando cheguei em casa, mas faz parte do passado. Mas graças a Deus isso é passado. Nos últimos anos, eu tive contusões leves que não trouxeram grandes problemas.
L!: Carlos Pracidelli (preparador) o proibiu de falar em parar...O pessoal pergunta sobre esse tema, porque eu falei em parar no fim do ano. Mas parei de falar nisso, só vou falar quando eu me aposentar.
L!: Dos 499 jogos, qual foi a maior burrada, da qual você mais se arrepende?Várias, falhas inúmeras e importantes. Mas tem as ótimas partidas. Ganhar o apelido de Santo, de São Marcos... Tenho defesas muito boas no currículo. Tive altos e baixos. Ninguém termina a carreira sem fazer burrada. Os grandes erros me ajudaram a ter sucesso. Tipo aquele jogo contra o Vitória, que até hoje passa na TV. Hoje, o cara recua eu não chego para chutar igual aquele dia. E não deixo um resultado ruim me abalar tanto psicologicamente. Aquele dia errei por raiva. São grandes aprendizados. Hoje o goleiro começa mais cedo, eu aprendi tarde. Se começasse mais cedo..."
Nota da Redação: Em 2003, na Copa do Brasil, o Verdão perdeu de 7 a 2 para o Vitória e Marcos furou uma bola recuada em um dos gols.
L!: O apelido de Santo já o incomodou. Hoje, como ouve isso?Eu tenho orgulho. Não sou santo, que está na igreja, mas é um orgulho. Isso me gerava responsabilidade. O torcedor esperava que, se o Palmeiras não faz um gol, será 0 a 0 porque o Marcos pega. Dizem que todo time começa com um grande goleiro, mas todo bom goleiro tem de ter um bom time, também. Aprendi a lidar com isso.
L!: Você sempre se irritou com atletas que não se dedicavam aqui...Eu penei com essas coisas. Você perde, fica sabendo que o cara saiu a semana toda para a noite e sai quietinho na imprensa depois do jogo. Você dá uma chance, duas, três. E quando eu meto a boca, falam que sou traíra. Isso me irrita muito.
L!: Hoje, o problema acabou? E o fato de haver mais ídolos para dividir a responsabilidade com você?Veio Felipão, Kleber, Valdivia, a responsabilidade é dividida. Mas também chegaram outros: Tadeu, Tinga, Rivaldo, Vitor. A cobrança é com todos. Mas é até legal. Hoje, se não me entrevistar, tem Kleber, Valdivia, Felipão. Isso divide a responsabilidade, é uma coisa boa.
L!: O Felipão o motivou?É um grande amigo que eu tenho. A cobrança é normal. Ele não veio para correr na subida, ele quer ganhar título. Eu também tenho nome e quero terminar a carreira com título. Às vezes, o pessoal esquece que o que faz ser reconhecido é o que se produz no campo. Tem de cobrar, tem de exigir, até castigar o jogador, para dar resultado. Eu sou amigo do Felipão, mas não quero privilégio. Tenho de ser cobrado e repassar a cobrança, para não decepcionar a nossa torcida, como aconteceu no ano passado.
L!: Felipão pediu mais sangue...Não é questão dos jogadores atuais. Mas antigamente no futebol tinha de render mais, os contratos eram de um ano. Hoje você contrata um cara que fez bom campeonato, ele já chega com contrato de R$ 70 mil por mês, por cinco anos. Isso acomoda, já faz a vida com salário desse. Jogando bem ou mal, não importa. Se você não tem gana, ambição de ganhar títulos, você se contenta. Tem jogador que só quer pegar mulher, viajar no fim de semana. Quem não tem estrutura acaba se prejudicando com essas coisas.
L!: Muricy, Luxa, Felipão... Só técnico de nível. O que falta para o Palmeiras finalmente deslanchar?
O técnico é 40% de um time, mas 60% é o jogador. Técnico não pega pênalti, não faz gol. O treinador passa sua experiência, sua disciplina, cartilha, mas o jogador tem de ter personalidade. O Palmeiras pecou nisso, até sem querer. A diretoria teve boa intenção de contratar, mas alguns não deram resposta no campo. A diretoria fez a parte dela.
L!: Quando um atleta se dá conta de que é um ídolo de verdade?Quando não pode sair de casa mais. Quando tem de comprar uma boa churrasqueira pra ficar em casa (risos). Não posso andar livremente no shopping. Não é ruim, mas é o preço que se paga. Se não está disposto a atender bem, fica em casa. Se sair, você tem de dar atenção. Eu saio pouco. As cobranças pesam. Quando tudo estiver bem, vou para o meio do povão (risos).
L!: Vai chegar aos 600 jogos, Marcão?Eu tinha um sonho de alcançar o Leão, com 617. Mas é muito, só se fizer uns amistosos (risos). Está difícil, até pelo tempo de contrato. Nem se eu jogasse todos. E com certeza não vou jogar todos. Mas quanto mais eu conseguir, melhor. Se alcançar, legal. Ma se não der, paciência. Não tem problema, não.

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